Com todas as impressões possíveis voltei do Marrocos. Impossível fazer uma viagem pra um mundo tão distinto sem voltar sentindo-se algo diferente. Impossível não perceber os olhos cheios das tantas cores, o nariz sensibilizado pelos cheiros que invadem as ruas das Medinas e o estômago revolto.
Os olhos começaram maravilhados por Chaouen. Em alguma poesia deveriam escrever sobre essa cidade que veste a cidade de azul e branco pelo céu e pela água, que pinta suas casas na véspera da festa do profeta, com gentes tão distintas e amáveis que te convidam para tomar chá de menta em qualquer momento, por arábes que contam histórias de mundos difíceis e imaginar
Dois dias depois partíamos para fez, eu feliz, com o mundo a ser descoberto na primeira cidade imperial do país e com o fato de o Marrocos ter fruta boa e barata como a nossa, de tomar café da manhã com suco de laranja (com bananas ou morangos), pão quentinho, torradas e mel.
Fez foi o encontro dos olhos maravilhados, o nariz reativado (imaginem a alérgica na loja de especiarias) e o estômago revolto (explicado em capítulo a parte). Fez tem uma medina do século 9 e o "bairro novo" é do século 14. A medina tem 18 portões (acho), 9000 ruas e 200 bairros. Sim, temque visitar com guia. Um guia simpático que em inglês marroquinho ía contando a história da cidade, mostrando a primeira universidade do mundo, me convencendo de que tudo foi inventado pelos árabes (teoria da Acácia confirmada na viagem).
As maiores impressões no entanto não vinham das palavras do guia, se não dos olhares e das reações das pessoas. Mulheres que se escondiam das câmeras fotográficas, homem que comiam com os olhos as turistas "desnudas" caminhando pelas ruas, os gritos de "sai da frente" quando um homem comandando um carro com mula passava pelas ruas da medina (as mulas, se param, demoram a voltar a andar), as negociações intermináveis e incansáveis com cada vendedor, os olhos de cada artesão, o cheiro e o sabor de cada comida...
O guia foi insuportável e nos levou em cada lojinha comissionada que pode, mas isso fica para um capítulo a parte.
A quarta feira foi um desastre bem acabado. Acordamos e no ônibus descobriram que tinham esquecido 3 atrasadas no hotel, enquanto essas chegavam uma quarta desmaia e atrasa a viagem por mais uma hora e meia. Enquanto as três atrasadas nos encontravam e a desmaiada ía para o hospital descobrimos que a estrada que levava à cidade a que íamos estava danificada porque havia nevado e muito. Mudança de planos íamos pra outra cidade.
Chovia torrencialmente e fazia um frio de gelar o último pelo do ... (corpo), quando chegamos à Volubilis. Capital do Império Romano no Norte da África, uma das ruinas mais conservadas do mesmo império. Ao pisar no meio da cidade romana, um arrepio na espinha que não era causado pela chuva ou o frio. A sorte de estar perto de um historiador, e a sensação de andar no tempo já existente pela medina de Fez se intensifica. Indescritível, indiscutível e inegável. Volubilis foi o dia de sorte da viagem, com todos os contratempos do mundo.
Finalmente chegamos última cidade, Asilah, que é linda, mas de praia, cá entre nós, a Bahia entende muito mais... assim que a deixo com um único comentário, a praia era linda, mas estava tão suja que me dava medo de por o pé no chão.