16 janeiro 2007

Tempo

Por problemas com o computador fiquei algum tempo sem postar e pelos mesmos problemas, provavelmente, terei que ficar ainda mais tempo . Então estou aproveitando o tempo que me resta.
Aproveitar o tempo... tem sido uma de minhas questões. O que é de fato aproveitar o tempo? A minha resposta instantanea seria dizer que eu deveria estar cruzando Madrid de norte a sul, saindo todas as noites e todas essas coisas que se pensa quando alguém diz: vou morar fora do país.
Engraçado porque uma das coisas que mais tenho feito aqui é aprender a aproveitar o tempo e não tenho feito nada disso. A vida aqui é mais devagar, as pessoas dão passos lentos, as lojas fecham das 2 as 5 da tarde, os dias começam mais tarde.Há um prazer em andar pelas ruas, pela manhã e pela noite, de ficar sentado em uma praça qualquer. Estou apredendo a viver devagar, a aproveitar tempos para ficar tranquila, a respirar mais calmo. Um dos meus maiores prazeres tem sido ler no ônibus e no metrô, o que me faz perder, definitivamente, a vontade de ter um carro. Tenho andado mais e subido mais escadas e esses passos têm sido muito prazeirosos.
Outro prazer que descobri é arrumar minha casa nova (sim me mudo de novo no fim desse mês) e fazê-la mais com minha cara. Buscar maneiras criativas de decorar alguma coisa, produzir manualmente alguns artefatos. Os artesanatos (bem ou mal feitos) têm sido também uma forma de limpar a mente. Incrível como a atenção e o esforço das mãos requerido pelo artesanato te fazem limpar os pensamentos, para que eles voltem mais claros e ordenados depois.
Tenho meditado, pelas manhãs e pelas noites, tenho tido longas conversas com Deus, descobri o prazer de cozinhar com calma.
E é assim que tenho aproveitado meu tempo, para me sentir mais calma, mais tranquila e mais em paz. Quando o mundo deixa.

ps1:minhas leituras devem estar influenciando muito minha vida.
ps2:escrito ouvindo Ben Harper.

Desistência do mundo

O mundo tem me machucado. Tenho tido muito tempo para prestar atenção nas coisas do mundo, ou nas coisas dos homens. Sim porque o mundo não é nada que não coisa dos homens. Os homens têm me machucado. Alguns dirão que é essa sobra de tempo, outros demagogia, outros excesso de sensibilidade e falta de senso prático. Não me importo muito com as suposições alheias mas tenho buscado porquês para tal atenção e acho que é toda a mudança, que tem causado, com minha permissão, tranformações ainda maiores em mim.
Vejo de volta valores que sempre tive, mas que foram suprimidos pela vida de não tempo, pragmática e, de certa forma, alienante a que me acostumei a ter. Não culpo a vida, eu deixei. E é por isso que hoje deixo que as mudanças ocorram. É um dos sentidos e motivos de estar aqui. Os valores não sumiram, eu só fui vivendo-os de forma cada vez menor, tão menor que em algum momento me perdi.
Agora estão aqui e fazem com que o que vejo me doa. De verdade, e fundo, e forte. E de uma maneira tal que me provocam a reagir e eu em minha mania de segurança me vejo analisando e reanalisando possibilidades sobre o que fazer. A mais fácil não tenho dúvida de qual seja. Desisto do mundo e me volto a mim. Está fácil comprovar todos os porquês de a humanidade não valer a pena nem meia gota de suor de um esforço qualquer. E porque, afinal, tentar ajudar aquilo que te machuca? Aí me lembro das excessões e daqueles que mais sofrem as consequências do mundo que as produzem. E lembro que é por esses que o mundo vale a pena.
Depois me pergunto se o erro não é morfológico, e eu só tenho que mudar de palavras. Não tenho que ajudar o mundo, tenho que transformá-lo.

Está claro, desisto do mundo como ele é. Mas não desisto da idéia de que desistir das excessões é tão injusto quanto as injustiças que me machucam.

A pergunta deixa então de ser o que fazer e passa a ser como fazer.
A priori em toda e qualquer ação cotidiana, em toda e qualquer ação que seja ação de paz. A preocupação de ser instrumento de paz. O que requer atenção, concentração e esforço contínuo. Tem sido tema das minhas meditações e tenho tido bom intuito, sabendo da minha grande chance de fracassos ao meio do caminho. Não porque me julgue só incompetente nisso, e sou, mas porque fracassos são da natureza humana. A reação de raiva, a primeira que te passa, o ódio, o não pensar, são todas da natureza humana. A questão é então o treinamento e prática constante e a perseverança, após a reflexão sobre o fracasso.
Ainda assim, creio que seja possível transformar meu trabalho diário mantenedor em ação de transformação ou de resistencia. E aí me pergunto: estou aqui estudando, tranquila, desfrutando dos gozos de alguns anos de muito trabalho. Será que eu, que tenho todas as “condições favoráveis” deveria estar aqui, longe, estudando? Será que eu não deveria estar de pé em algum lugar fazendo alguma coisa contra aquilo que me dói? Será que eu não deveria desinstitucionalizar esse desejo? Aí penso no meu medo de instablidade e volto a crer que talvez essa grande mudança deva ser muito bem planejada. Ou não.
Por enquanto busco diferentes insituições às quais possa me agrupar e leio e estudo de tudo o que possa me aprimorar para tal ação. Acho muito pouco. E ainda estou em conflito com as questões práticas, ganhar o suficiente para comer e pagar o aluguel do apartamento. Quem tiver idéias, estão bem vindas.

03 janeiro 2007

Rapidinhas: a série da retrospectiva 2006

Parte 1:
2006 começou com a CPI dos Bingos e terminou com o enforcamento do Saddam.

No meio? PCC, guerra no Iraque, ataques no Rio, o governo Lula, Bush, o re-governo Lula, o re-governo Bush, dobradinha Alckmin Serra, Clodovil, Maluf, Frank Aguiar (valeu SP), os celulares na prisão (alô Marcola?), dossiê, mensalão, gasoduto Brasil-Bolívia, absolvição do Coronel comandante da chacina do Carandiru, irmãos Cravinhos e a Richtoffen no Fantástico...

Uma palavra pra essa rapidinha: Socorro!


Rapidinhas: a série da retrospectiva 2006

Parte 2:

Por falar em Fantástico, rapidinha no Brasil:
- Vilã do ano: Bia Falcão
- Catástrofe do ano: a arrumadinha na meia do Roberto Carlos e o gol do Henry
- Assunto do ano: o vídeo da Cicarelli
- Sensacionalismo mais ferrenho: o choque entre o Legacy e o avião da gol
- Diversão do ano: um tapinha na pantera no you tube
- E o coringão? perdeu pro River Plate, saiu da libertadores e quase cai pra segundona.
- Vingança do ano: não sei se o "silêncio sorridente" carioca pelo PCC, ou o "silêncio sorridente" Paulista pelos atuais ataques no Rio

Pior, não dá pra levar com bom humor, sofrendo com a Copa morreu o Bussunda.

O último que sair apague a luz do aeroporto, se conseguir tomar o vôo, é claro.


Uma palavra para essa rapidinha: Hein?

Rapidinhas: a série da retrospectiva 2006

Parte 3: Rapidinhas pessoais

Não dá para reclamar. Trabalho indo bem, Delfinópolis, Cidade Tiradentes, pós graduação terminada, meus avós morando pertinho de casa, amigos reencontrados, encontrados e continuados, pizzas feitas em casa. Buenos Aires e Recife. Vontade de mudar tudo, aprovação no mestrado, coragem para jogar tudo pro ar, demissão e férias prolongadas, vinda pra Madrid, começo de mestrado, busca de emprego, casa nova, amigos novos, saudades imensas.


Uma palavra para essa rapidinha? Obrigada!

Rapidinhas: a série da retrospectiva 2006

Parte 4 e final: Conclusão
Depois de um ano assim, eu não tenho mais dúvidas do por quê "uma palavra pra mim" tem sido perdida.
Eu perdida no mundo, o mundo perdido no mundo, as pessoas perdidas no mundo, o mundo perdido nas (ou pelas) pessoas, pessoas perdidas em si mesmas. Nesse ano acho que até Deus se perdeu (eu quase me perdi dele).
Sei que fui na contra mão do mundo. Sei que estou fazendo as minhas linhas tortas. Ainda assim, espero que em 2007 o mundo gire ao contrário.