12 dezembro 2006

De casa nova.


Tenho uns muitos assuntos na cabeça sobre os quais quero escrever. Isso é raro, normalmente esse pedaço em branco me dá pânicos de silêncio e eu fico alguns bons momentos iniciando e reiniciando frases até achar um assunto que me desafogue. Acredite, o pânico da falta de palavras é assustador pra quem fala demais. Hoje não, começo e recomeço frases por excesso de assuntos e nenhuma habilidade de escolher um. O clichê "não sei bem por onde começar". Que aliás são hoje minha tradução, tanto o clichê quanto as aspas. Me sinto hoje a repetição de mim mesma.
Finalmente tenho casa. De novo. Casa sim porque não posso me chamar de lar. Nem bem de casa. Tenho um quarto em que minhas coisas estão jogadas de um jeito que não sei bem qual é. Apesar do meu grande esforço de organizar peça por peça, meus lugares não fazem sentido. A sensação é do começo de uma desordem organizada que não sei bem em que vai dar. E aí me perco no meu próprio quarto, procurando cada peça. Estranho se perder em 6 metros quadrados de 1,70m de altura. Provavelmente as peças estão mesmo fora de lugar.
Sensações de desesperos momentaneos. Esse quarto não tem espelho. Na tentativa de reorganizar essa desordem e a sensação de não achar a primeira peça de um quebra cabeças. Um quebra cabeças que não tem imagem de referência, nem peças similares, nem dá pra dividir por cor. Um quebra cabeças desforme e abstrato. Meu quarto está assim. Um quebra cabeças desforme e eu ainda não consegui me montar.
Esse quarto não tem espelho.
Ainda assim é um quarto e sou meu. Recomeçando outra frase, mudando uma peça qualquer de lugar, sabendo que é o lugar errado e tendo a ilusão de que é melhor ser um lugar errado pra peças velhas que não ser lugar nenhum. Ainda acho que uma hora eu perco algumas peças, reponho outras, compro mobília nova, brinco de decoração fecho os olhos e me sinto lar.

2 comentários:

Guto Leite disse...

Ah! escritora de mão cheia essa senhorita. Espero que um dia ela me ache não suspeito para tecer os comentários. Belíssima casa em todas as suas concepções...

Anônimo disse...

Quando é que você vai escrever um livro? O meu, eu quero com dedicatória. Como sempre uma saborosa leitura, que embasbaca meu trabalho mas me enriquece como pessoa! Beijos e tudo de bom!