13 novembro 2007

"Si no puedes tener la razón y la fuerza, escoge siempre la razón y deja que el enemigo tenga la fuerza. En muchos combates puede la fuerza obtener la victoria, pero en la lucha toda sólo la razón vence. El poderoso nunca podrá sacar razón de su fuerza, pero nosotros siempre podremos obtener fuerza de la razón."

Viejo Antonio a Subcomandante Marcos en las selvas del Suroeste Mexicano. EZLN.
En el capítulo "7 piezas del rompecabezas mundial" del libro Mundo global ¿Guerra Global?.

Nenhum sistema é a prova de seres humanos

Quanto mais leio e re-leio sobre a glolbalização, o desenvolvimento, os novos (?) socialismos, a esquerda (?) do século 21, os movimentos sociais, o terceiro setor, as elites e as classes operárias, os movimentos étnicos, enfim, quanto mais leio, mais chego a conclusão de que nenhum sistema é a prova de seres humanos e que toda boa iniciativa será corrompida. Frente a isso penso que o problema do mundo é um problema simples de valores e que só será resolvido quando provemos que o ser humano é capaz de mudar. E essa é a parte difícil, por um motivo simples, não me lembro de época no mundo em que a ganancia e o ter poder (que já foi ter terra, ter meios de produção e agora é ter dinheiro aplicado em capital financeiro) não justificassem qualquer tipo de ação. Por certo a idéia de progresso linear acompanhado do passar do tempo veio abaixo, ou vai dizer que o ser humano evoluiu desde a idade média. Não estou falando de tecnologia ou ciência, estou falando do ser humano. Nunca houve tanta pobreza, tanta concentração de riqueza, tantos mortos de fome e tantas guerras (escondidas baixo nomes mais bonitos ou não). O subcomandante Marcos (por favor, Zapata vive) chama o neoliberalismo de IV Guerra Mundial (a Fria foi a terceira) e deve ter razão, porque a nova ordem mundial traz velhos resultados, resumidamente, mortos e semi mortos.

Frente a toda essa crise de crença na humanidade (digamos em um ambito macro) e uma crise existencial profunda (quem não a teria frente a quadro tão catastrófico) resolvi provar para mim mesma que SIM o ser humano pode mudar e que a consciencia não é a sua condenação à infelicidade se não que a maior arma para transformação (salve Paulo Freire). Por isso me propuz pequenos e simples atos de mudança (começados pelo grande ato de abandono de uma vida rs) e se consigo me manter firme neles acreditarei que o ser humano consciente pode mudar, por isso, deixo aqui uma lista importante:

1) Consciente da minha probabilidade genética à diabete e fazendo um grande esforço já que não exista nada no mundo como um chocolate, prometo a mim mesma comer doces apenas de fim de semana (era uma prática diária) e em quantidades aceitaveis (o que significa não comer toda a lata de leite condensado transformada em brigadeiro entre o sábado e o domingo).

2) Contra o capitalismo neoliberal transnacional, a celulite e a gordura localizada (e em épocas de globalização, porque não falar também da gordura globalizada) parei de tomar refrigerantes e especialmente COCA COLA. Também pararei de comer no Mc Donalds e
no Burger King (mas o hamburguer seguirá sendo parte da exceção da minha dieta).

3) Consciente de que a linguística também é forma de dominação e colonialização do pensamento utilizarei cada vez menos palavras em inglês no meu vocabulário. O primeiro passo, deixei de ser mercadóloga (já ía escrever marketeira).

4) Não pararei de roer unha! Se você não acha que isso é um ato de resistencia entenda que as unhas compridas são um símbolo da sexualidade feminina, ou seja, uma questão de genero e machismo, pelo qual eu resistirei, sem perder a minha identidade glocal, fragmentada e pós moderna.

5) Porque alguma resposta estará no sagrado, meditarei pelo menos 3 vezes por semana.

6) Aguardo sugestões ainda que não existam leitores (porque ter esperança também é resistir).

07 novembro 2007

La soledad era esto

Devorei o livro ao lado. Talvez por algum efeito louco de identificação. Creio que tenho a mania de buscar me identificar com tudo o que vejo. Um ensimesmismo egoísta talvez, ou a busca de algum sentido.Creio que sou um pouco Elena Rincón, aos 44 anos olhando a sua realidade com olhos frios e abandonando-a em busca de algo que não sabe bem quem é. Vivo uma realidade estranha, que venho percebendo mais nestes últimos meses. Percebi que em anos de enclausuramento em volta de um mesmo tema, com tanto tempo dedicado fui desconhecendo-me. Fui despossuindo-me, despossuindo meu corpo, meus gestos, minhas palavras, meus gostos... Sei, por exemplo, que amo música, mas há anos não conhecia outra música que a que sempre escutei. Sei que gosto de gente, mas há anos vinha tendo alguma preguiça de essa categoria. Desaprendi o que fazer com o tempo e ainda hoje me sinto perdida ao deparar-me com uma tarde livre... Um afastamento estranho de uma realidade que deveria viver se produziu, creio que especialmente nos 5 ou 6 últimos anos. Não digo que não vivi esse tempo-espaço, só digo que isso me foi tirando-me de mim mesma, de minha vida, uma vida... uma vida que não tento recuperar agora, mas tento reduzir essa distancia com as coisas quentes do mundo. Tento possuir-me outra vez, a reversão de um processo de metamorfose kafkiano, como Elena Rincón.


La soledad era esto escrito por Juan José Millás, provavelmente não traduzido ao português.