02 fevereiro 2007

Satyagraha

Terminei de ler "Desobediência Civil y otras propuestas" e tive algum tempo para refletir a leitura, que é recente, logo quaquer reflexão se torna um pouco pretenciosa, ainda assim, o assunto para mim não é assim tão novo e tenho me perturbado tanto com a leitura que deixo aqui meu desabafo.

Sem pretensão de correr o livro inteiro, devo dizer que os pensamentos de Thoureau te fazem questionar qualquer atitude diária. Não se submeter a um Estado e um estado com os quais você não concorda, resistir sem violentar, resistir por coerência aos seus princípios. E a continuidade ler reflexões sobre Gandhi, uma dele mesmo, uma do Mandella e outra doLuther King, só podem ser perturbadoras.

Gandhi dizia que a não violência é igual sim à buscar maneiras pacíficas de agir, o que não tem nada a ver com pacividade e por isso refutou o nome de resistência pacífica à sua prática. Satyagraha. É a palavra escolhida. Segundo ele mesmo, singifica "insistencia na verdade".É a combinação de satya (verdade) com ahimsa (amor). "Em sua essência nada mais é que a introdução da verdade e da delicadeza no político, ou seja, na vida nacional". Eu me contento por hora em tentar faze-lo na minha vida pessoal. Uma transformação de atitude que requer muita força interior, muita sensibilidade e muita força de vontade. Requer persistência, insistência e humildade. A humildade de estar ciente de que haverão mais falhas que conquistas nesse caminho.

Como indivíduo a prática do Satyagraha significa (palavras de Gandhi):
- O Satyagrahi, ou seja, o resistente civil, não albergará ira.
- Sofrerá a ira do oponente.
- Ao faze-lo suportorá os ataques do oponente, não contra atacará, mas tampouco se submeterá, nem por medo ao castigo ou o que seja, a qualquer ordem compartida com ira.
- Quando qualquer pessoa com autoridade procure prender a um resistente civil, este se submeterá voluntariamente à prisão, não se oporá a ser detido ou privado de coisas de sua propriedade, se haja alguma, quando sejam requeridas para confisco pelas autoridades.
- Se algum resistente civil tem como possessão coisas confiadas a ele, se negará a render-se, ainda que nessa defesa possa perder sua vida. Não obstante, jamais agirá em represália.
- Não agir em represália inclui não blasfemar ou maldizer.
- Em consequência, um resistente civil nunca insultará a seu oponente e agirá de forma que seja contra o ahimsa (amor).
- No curso da luta, se alguém insulta a um oficial ou comete um ataque físico contra ele o resistente civil protegerá a tal oficial do ataque ainda que arriscando sua própria vida.

Gandhi ainda dizia que o amor ao ser humano deve ser igual a todos os seres humanos e por isso abdicou de amar só a sua mulher ou de prevalecer de qualquer maneira sua mulher e filhos sobre outros seres humanos. Eu queria poder compreender esse nível de amor.

Mas naquilo que posso, me declaro a partir de hoje satygrahi ao mundo. E pretendo resistir como tal. Sabendo de minhas limitações. E me declaro em busca da prática do Satyagraha, "insistência na verdade" (vale ressaltar que para Gandhi Deus é a verdade), a mistura de verdade e amor. A resistência aos sentimentos contra o ahimsa, a prática da paz diária. Na busca de compreender o amor em um nível que eu acredito que a maior parte dos homens não conhecem. E não me declaro mais lúcida que qualquer homem comum, ignoro, creio, esse amor. Só me coloco a disposição de sua busca.

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