05 março 2007

Parece que virou poema

As árvores secas, cinzas e quebradiças começam a voltar ao verde. As cerejeras e amendoeiras dão as primeiras flores da estação. São brancas, pequenas margaridas de cera que deixam suas pétalas voarem nos últimos ventos de inverno. Os dias cinzas se enchem de sol e ainda que os ventos frios gelem a pele e ouricem os pelos é impossível sentir o frio dos dias cinzas invernais que gelam de dentro pra fora, congelando as formas de vida. O céu se põe ao sono em vermelhos, laranjas, amarelos, azuis e roxos impossíveis e não passíveis de descrição ou fotografia. A sensação de estar vivo daquilo que só os olhos presenciais vêem e só a memória (não a da camera) guarda com a intensidade original. Os olhos registram involuntariamente um rio de cores celestes que se fundem a cada segundo em transição por influencia do ir e vir das nuvens. Os ventos gélidos não trazem só o frio, trazem ao rosto as pétalas brancas anunciadoras de vida. Voam em direção aos rostos sorridentes baixo raios de sol que começam a esquentar o corpo. Meus olhos ainda doem da claridade reluzente e nova. Mas doem felizes, que sabem da alegria que vem dessa dor. Dor do renascer de vida. Dor do reluzir de novo. Dor do fim de cinzas. Do fim do inverno. Dor daquilo que parece que virou poema.

Um comentário:

fernando mejia disse...

que lastima no entenderlo todo..pero no sé porque al leerte..recorde aquellas flores a la entrada de la cafetería

abrazos